sábado, 17 de fevereiro de 2018

sou...



sou feita de velhos dias, sem brilho
turvam-se já meus olhos de tristeza
um sopro de inspiração, é meu trilho
sou água a tocar no fundo, incerteza!

sou aquilo que escrevo e pouco mais
sou a que fala de tudo, e até de amor
sou a que o poema manifesta, até os ais
choram os meus olhos se falam de dor

sou por fim a manifestação da loucura
sou saudade da primavera, já sem brilho
feita de velhos dias, q' ninguém procura

sou a rapariga que tempo velho ocultou
sou sem qualquer ironia, trapo andarilho
serei curso de água parado ou rio q' secou.

natalia nuno
rosafogo



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

murmúrios de meus dedos...



ah! que me importa se mais não sei
o sonho é saída para a obscuridade
num barco de palavras... eu rumei
inquietações e caminho de saudade

que importa quem a mim se afeiçoou
foram tantos sentimentos d'insatisfação
se alguém sentimentos me despertou
recordo-os ainda nesta imensa solidão

q' importa o ruído em versos esculpido
e no coração este ritmo frio, persistente
que importa o tempo ter-me envelhecido
e a morte sempre a rondar-me febrilmente

q'importa se sou pedra q' por dentro chora
ou a erosão que escrevo nesta página vazia
enquanto o tic tac do relógio der a hora
titubeante e confuso nascerá mais um dia

que importa sonhar, ilusão em cada linha
e plantar inquietude em versos de frescura
ordenar ao acaso que em mim caminha
q'apague a melancolia e invoque a ternura?

natalia nuno
rosafogo