terça-feira, 9 de janeiro de 2018

a pingar melancolia...



quando me encosto à solidão
ninguém me pergunte nada
que irei permanecer vazia
de memória esfarelada
com pedaços de noite e ideias cegas
de nostalgia
na mão a folha do poema pronta
a boca de palavras inundada
o poema treme de comoção
pronto a nascer
ninguém nos faça afronta
que somos caudal de rio
pronto a correr...

a pingar melancolia,
nasce o poema quando ainda a noite
se prepara para dar vida ao dia...
fantasias na minha imaginação
palavras agitadas irrompem da minha mão
e num só instante o tempo passa pelo tempo
e tudo me é indiferente
e a palavra fica doce e inocente

surge a lua na janela desaba no vidro baço
e nem eu  lhe mostro o que faço, nem ela
se quer retirar, mostra-me o seu rosto lunar
duma beleza sombria, pouco a pouco
uma chuva macia  e o choro do vento louco
a minha sombra tomba na escuridão
choro os dias que sonhei então
e o rosto já não é o meu
e na minha essência de lua sou estrela
sem fulgor que emudeceu...

natalia nuno


2 comentários:

Edith Lobato disse...

Lindíssimo poema.
Parabéns pela inspiração.
Bom dia.

orvalhos poesia disse...

Grata amiga pela visita e apreço, bem vinda.

um grande beijinho, bom fim de semana.