sábado, 15 de julho de 2017

amarro o tempo...



que angústia é esta de onde me chegam
meus poemas, que saudade me invade
quantas asas de pássaro se chegam a mim
trazendo-me memórias sem fim?
o tempo, esse mudou-me o rosto
agora nele reside a sombra
já não o reconheço, extinguiu-se seu poderio
é agora um inverno frio
onde a amargura é crescente
que será de mim amanhã
só a tristeza será minha irmã?

e o meu peito subitamente
se mostrará conduido, deitado por terra
em busca de algo que o mantenha vivo
enquanto apalpo palavras na tentativa
de me manter viva...

como posso esperar que o sorriso regresse
se as horas se despedaçam, e só a mágoa vive?
já não amanhece, só anoitece
adormeço nas recordações dos amores que tive

emolduro tudo o que é melancolia
relembro o nome de flores,
amarro o tempo
e sento-me a olhar as giestas, a ouvir os rumores
dos regatos cantantes, até que o coração
embeba de alegria...
e uma gota de orvalho venha trazer-me de novo
tempo de ventura, para poder cantar em meus versos
uma nova colheita de ternura...

natalia nuno


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