segunda-feira, 8 de maio de 2017

lembranças ditosas



à noitinha o último canto da cotovia
e no meu coração como flor,
o amor nascia
os sons nostálgicos da tarde não morrem
vivem na memória de verdade
sou a jovem que recorda, o adulto que me ouve
sou a razão do meu coração pulsar
e aquela que com a saudade se comove,
trago ainda o odor do tomilho, o cheiro
da madrugada,
que são essência em mim enraizada
trago lembranças seduzindo-me com doçura
perfeitas, ditosas,
que são trinados de melros
com ternura...
abrem as portas do passado
trazem-me a brisa do salgueiro
o marulhar das águas do rio amado
e o sonho dum amor... o primeiro!

rememoro cada fruto silvestre
cada um com sua sensual fragrância
o êxtase de cada dia, o sol que ainda hoje
me veste enamorado, como quando eu era criança.
vive em mim toda esta felicidade
estremece a brisa quando me vê,
quando toca meu ouvido,
o tempo ficou longe, andam imagens rasgadas
sem sentido... mas será sempre eternidade
que levanta a primavera no meu coração
ajuda a sair desta saudade sem portas
até que minhas mãos estejam mortas.

o meu silêncio põe e dispõe
e assim me vai enclausurando
enquanto um cisne branco ma minha memória flui
e um lago de palavras vai murmurando
sedução que ao coração aflui...

natalia nuno
rosafogo








2 comentários:

Gracita disse...

Natalia querida
E deste lago de palavras um bailado primoro pelos meandros da poesia
Saudades... tantos sons, tantos cheiros, tantas lembranças
Ah como faz bem ao coração rememorar os momentos bons, aqueles tatuados na alma
Beijos poéticos

orvalhos poesia disse...

Não há meio de parar minha querida amiga, escrever é esquecer por momentos a vida, e assim relembrar o caminho já percorrido, os momentos felizes que correm na memória...uma mão cheia de de coisas simples mas das quais não abdico porque me fazem feliz. Grata Gracita pela tua visita, adoro encontrar-te...beijinho amiga querida