sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

o sonho que me comanda...


grande é a ânsia que me vem de ti
e neste meu desmesurado coração
existe o fogo e a magia  que vivi
que é rio de amor, hoje recordação

procuro-te, num espaço fechado
e basta teu olhar para me alegrar
invento sonho com final dourado
d''amor, sem limites a me entregar

o tempo foi passando deixou ferida
peço agora à esperança mais vida
calar o tempo onde o rosto obscureci

esquecer a  inquietação do outono
deter a alegria, e despertar do sono
e no final o delírio que já conheci.

natalia nuno
rosafogo


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

vôo transparente...



a simples lembrança duma festa
um arco-íris que penetra na memória
não é só data nem história
é a grinalda de rosas caída do ramo
o coração exultando de paixão
e sílabas soletrando...te amo, te amo.

a alegria natural da juventude
no dia um resplendor que canta
nas nuvens uma gaivota que surge
do sonho brota uma música que encanta
foram horas que abraçámos
que abrem ainda com suas chaves
os sonhos que sonhámos...

amar-te é então lembrança
é guardar em mim o cheiro do alecrim
é ser parte de ti, voar no teu sangue
num contínuo pulsar, é ser teu rio,
teu mar, tua segunda pele
a tua manhã de sol ofegante
o teu diamante ...

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

velha lenda...



faço agora o caminho de regresso
deito um último olhar de despedida
faço o caminho de volta... já tropeço
mas peço à morte o resgate p'la vida

uma quantia avultada despenderia
como se vida fosse jóia verdadeira
só com punhado de trocados viveria
iniciava caminho novo... aventureira!

mas meu caminho... é peregrinação
não sei se por destino ou por quimera
trago no rosto ainda a mesma expressão.

este rosto por sentimentos tão marcado
o tempo, pintor mágico assim quisera
fazer dele, um retrato único e inacabado.

natalia nuno
rosafogo








barco à vela...



a existência é agora um vale solarengo
abrigado do vento, onde o verde
ainda verdeja
no tempo que resta sinto
que a vida ainda me beija.
sei-me espiada pela morte
sorrio, e deixo-me à sorte
sou agora uma expectadora
se o meu barco já não sai!?
que importa? sou ainda sonhadora...
já se pôs em mim o sol
mas ainda é doce o escuro
nem riqueza, nem pobreza
nem ambição desmedida procuro,
assim caminho na vida.

levo este poema  a  meio
sinto-me como um artífice maior
digo-o sem qualquer receio
poesia é meu bem melhor

sinto o mundo à minha volta
sou tentada a acreditar
que um dia...a felicidade se solta
e fico a discorrer, que a paz há-de vingar!
meu pensamento é como um cata-vento,
em abono da verdade vou colhendo frutos
da memória, outros da imaginação
sem dar descanso ao coração...
ora triste ora dourado meu olhar
cansado ainda verdeja
volta e meia uma lágrima o beija.
a vida é a mesma de sempre
só o mundo mudou, mas
meus sonhos são de outra era
à vida chegou o outono
mas ao poema a primavera.

natalia nuno
rosafogo










segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

tão de mim afastada...



sinto-me na garganta do tempo
onde luto para sobreviver
a descer, a descer
sem que entenda nada,
a realidade abandona-me
é agora a confusão, a incerteza instalada
tão perto, tão longe
tão de mim afastada
tão perdida nesta prisão
como entrei? quem me pegou p'la mão?
sinto o esmagamento
e a sombra que emita todo meu movimento
silêncio e esquecimento...

estou na rua dos anos
perco-me no vazio onde a luz não
existe, onde a solidão insiste
onde o tempo não me deu tempo
deixando-me das coisas esquecida
sem ternura e sem sossego
e à vida...sem apego!
o meu medo molha a almofada
e sem que entenda nada
sinto uma mão de bondade
e uma voz que me fala da saudade,
fico como uma ave surpreendida
num pequeno vôo, à minha medida.

natalia nuno
rosafogo


verdes sonhos...do meu dia a dia



hoje é a solidão
a fazer-se em mim tempestade
e o sentimento que me abala,
a «saudade»
a perseguir-me até à morte
a deixar-me sem norte
o outono que não me larga a porta
por dá cá aquela palha
rio ou choro
não há poema que me valha.

contra esta corrida desenfreada
que é a vida... apreensiva,
trago a alma de luto vestida.

hoje tudo me é indiferente
como se nada tivesse de meu
apenas a solidão da alma,
faço olhos grossos à gente
que passa por mim,
e deixo que rajadas de vento
me levem o pensamento.

hoje ninguém é capaz de entender
porque viajo no tempo,
o desassossego que é ver
meus olhos que arrasam por tudo e
por nada,
o esconder o rosto entre as mãos
as premonições (que adivinho)
as mudanças que em mim
fazem escalada
arrancando-me sorrisos derradeiros
e tudo o que mais queria...
tudo contra mim se alia...
- foram-se
- verdes sonhos do meu dia a dia.

natalia nuno
rosafogo

entre lágrimas e soluços...





parte o comboio da estação
logo outro vem na direcção
contrária.
há olhos que se interrogam
beijos que não se dão
lenços que se agitam no ar
preces para que haja volta
o apito do comboio se solta
partir é o destino...
quem parte leva saudade
tem pela frente a incerteza,
quem fica pede ao Divino
com o peito apertado tal é a dureza
a boca calada, os sonhos adiados
afectos manifestados
tantas as emoções resultantes
de corações amantes...

já tanto faz...como a vida é falaz.

quem chega, traz novidade
mata saudade... e olha, que paz!
tantos sentimentos à chegada
lágrimas felizes acodem ao rosto
ao longe o sol no poente é posto
e o que se sente?!
Um rio, que não parou de correr
um coração a palpitar
partir, chegar, passado e presente
viver e morrer...

natalia nuno
rosafogo





domingo, 13 de dezembro de 2015

FELIZ NATAL...




O que tenho feito?
Tenho escrito alguma poesia, tentado atingir alguma perfeição na criação, reproduzir nela alguma emoção, enriquecê-la de imagens poéticas, em torno do tema quase sempre a saudade e por vezes o amor, com entusiasmo, embora já não tenha vinte anos. A poesia é um estado de alma sensível a que nos apegamos como se fosse um sonho, com ela conseguimos derrubar a solidão, também com ela construímos castelos no ar, sofremos a ironia e o desdém de alguns leitores e exaltamos com o apreço de outros. Por isso a vou espalhando aqui e ali, neste mundo que é a internet, e por insignificante que ela pareça, tem a sua importância, umas vezes nada contra a corrente, outras a favor e assim vai voando com bons e maus ventos. E um amor assim maternal, faz-me andar por aqui p'la Internet deixando-a (poesia) e a deixar-me fascinar com a de alguns amigos Poetas. Já todos por aqui me são familiares, por isso também tenho vindo a desejar a todos os amigos Boas Festas,  e um Bom Ano... esperançada que nos sítios onde partilho continuem divulgando a poesia, criando ambiente de cultura e amizade entre todos e continuem sendo  de paz e liberdade.

natalia nuno 
rosafogo

apenas cabe o amor...




Toda a vez que o sonho aflora
luminoso, logo se transforma
em pardo a qualquer hora.
Depois é fome, é choro, é raiva
é tudo o que o Poeta  sonha
e projecta
e é no  poema
que coloca tudo o que acha que nele caiba.
Insondável... tudo lhe vem da
alma, mas não tem certeza
se a beleza das palavras,
vem da sua lucidez ou da sua loucura.
Será lucidez? Ou não, loucura talvez!?
Entrega-se de alma e coração,
esta fascinação não acaba, é a
revelação do seu mundo melhor
onde não há ódio
onde apenas cabe o amor...

a poesia é o eco da sua feliz memória
perpectuando o que mais amou,
ou o grito da desmemória
o mel e o fel, uma taça de cristal
também o sítio mais solitário
o fragor e o fim da festa, caindo na vertical
o espelho da sua face retida
o amor e o desamor

e a esperança pervertida...



natalia nuno
rosafogo

o rosto nas tuas águas...



Volto de novo à margem
Sinto a frescura da água
Ouço o gorgolejar dum fio
lento e melodioso que é de mágoa
e regresso sempre na esperança
dum pouco mais de tempo futuro
para poder vislumbrar o escuro
estrelado da tua noite.
No fundo das tuas águas
meu rosto de ontem
e o verde do meu olhar
serve de musgo lodoso
refrescas minhas pupilas
com teu frescor venturoso

Que importa interrogar alguém
Se já não me conhece ninguém?
Apenas te conheço eu
rio da minha infância
Sinto-me um pássaro voando ao céu.

Deixa que me chegue a ti
que verta uma lágrima de adeus
que relembre tempos que vivi
que sonhe ainda sonhos meus.

Tranquilidade que então sentia
Sonhos de jovem em rebeldia.
No sussurro da tua água corrente
Me sentia gente...

E meu sentimento é de bem estar
Permite que continue a sonhar...

natalia nuno
rosafogo

na fronteira do outono



ali permaneci perante o delírio
do entardecer, da luz a desvanecer
olhei, olhei e só vi loureiros dourados
permaneci no meio do prodígio
que me fazia lembrar instantes perdidos
acariciados de assombro e esperança
dum amor recém nascido.
esquecer-me agora do fogo desse amor
era entrar nos confins da tarde
e ficar sem luz na escuridão
e renunciar ao que sente o coração

estou aqui na fronteira do outono
já não ouço as cigarras como ouvia
nem cheiro giestas com a fragrância ao abandono
já o o vento vibrante nos distancia
do tempo e da dor... penetra nas sombras
das ramas, e eu sei,
sei,que ainda me amas!

como um navio ancorado,
daqui não saio
virão dias de luz, dias de Maio
verei de novo meu sonho incendiado
o dia deslumbrado
o verdor intenso
de novo nos loureiros... e o amor imenso
virá de ti,
e uma luz tatuada de ternura
que me enlaçará em seus braços de frescura.

natalia nuno