sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A SEDE DO TEMPO

H. Zabateri decoupage


Minhas raízes, minhas lembranças
Minha aldeia soalheira
olhos azuis, verdes, das crianças,
correndo p'la ladeira.
Minhas lembranças, minha casa
papoilas vermelhas, rouxinol
de amarela asa.
O que ficou da minha vida
A chuva que não vi cair
A lua no céu atrevida
Uma lágrima que chorei a sorrir,
ao partir.

Para quê chorar?
Toda a vida vou lembrar!
E chorar por dentro assim...!
Esta dor que dói dentro de mim.

Oiço a música do rio deslizando
Precipita-se a noite que está chegando.
Minhas raízes na aldeia plantadas
E a beleza que por mim chama
Orvalho, flores pétala a pétala,
na memória conservadas.
E a aldeia a gente a ama!

Aqui um tempo findou
Soam nas minhas veias nostalgias
Tudo o que restou,
do desfolhar dos meus dias.
E assim passam as horas
No presente pouco possui sentido
Rasga-se o céu, rompem auroras
Trago o tocar dos sinos no ouvido.

Sonho sempre com este lugar
Sou menina e vou passando por lá
Vejo os matizes dos verdes a amarelar
É o velho palpitar que quer que eu vá.
Chego num morno entardecer
Tudo é simples, tudo é morno
Fico triste de morrer
Quando do sonho retorno.

Passa o sonho e tudo muda
Tudo é efemero, tudo se esvai
Tudo fica sem sentido e eu surda
A sede do tempo sobre mim cai.
Esqueço o caminho da nascente
Esqueço a luz que me envolvia
Sinto perdidamente,
a inundar-me a alma a nostalgia.

rosafogo
natalia nuno
imagem do blog imagens para decoupage.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

RAIA SEMPRE UM NOVO DIA




NATAL...NATAL...NATAL...

(DO MEU LIVRO «PESA-ME A ALMA»)

Porque me sinto saudosa?
Eu, que nem tive um brinquedo
Mas a Vida foi generosa
Inventou-mos em segredo.
De dia movia meu passo
De noite dava-me um abraço
E assim, filha do povo
Tinha sempre brinquedo novo.

E tudo era tão pouco
Mas o tempo corria louco.
E o nada era meu tesouro
E a pobreza era meu ouro.
E quando a vida assim se namora
É a felicidade que em nós mora.

Não me lembro da Fome o nome
Nem quero que Deus por ingrata me tome.
não sei se lembro, ou ouvi dizer
Se foi verdade ou mentira!?
Não lembro nem quero saber
Talvez lembrar ainda me fira.

Por não ser rica, não morro de pena
Raia sempre um novo dia!
Vou subindo os degraus, serena
E agradeço à mão divina que me guia.

rosafogo
natalia nuno

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MINHA ILUSÃO É UMA JANELA

Maravilhosas Imagens Pin-Ups

Minha ilusão é velha
Como os alámos da minha rua
Quando a lua neles se espelha
Se amarra a minha alma na tua.
Meu rosto  na noite enrugou
É esta a verdade,
até o pranto  rolou!
Deus queira que a saudade
Seja a razão de viver, 
e lágrimas dos olhos arrancar.

Se a dor ao coração assomar?
Defendo-me com firmeza
Se essa má hora vier
eu terei a certeza.
E coragem tanta!
Que em mim não vai caber.

Minha ilusão é uma janela
Donde avisto meus anos mortos
Passou a vida e eu por ela
Trago no passado os olhos postos.

O que digo é sim ou não,
ou talvez apenas.
Talvez sim,
meu pensamento em rebelião
Ou então não!
São apenas minhas penas.
Ou loucura?
Mas meus olhos se afogam
em ternura.
Lembrando pés descalços
em serena liberdade, num
regato claro de saudade.

rosafogo
natalia nuno

LAÇOS




Laços à Poesia me prendem
Com emoção e sentimento
Saudades em mim desprendem
Livrando-me do tormento.
Ponho a nu o coração
A Poesia me conforta
Assim alivio a pressão
Que vai bater a outra porta.
Vivo agora indiferente
Escrevo Poesia bem ou mal
Só meu coração a sente!
Que mais preciso afinal?

rosafogo
natalia nuno

SINTO TÃO PRÓXIMO O LONGE



Deixo-me imóvel nesta noite de Outono
Tudo lá fora emudece
Meu tempo desvanece.
O silêncio me causa fastio
Me abandono,
ao meu ouvido o sussurrar do rio
que me traz arranhadas memórias
que  surgem por atalhos ressuscitando
a infãncia.

Tudo se vai diluindo
Como areia engolida pelo mar
No esquecimento partindo...
O impiedoso tempo se apressou a devorar.

Encho-me de inquietação,
entre o ser e o já não ser
E a noite é para mim conspiração,
na dúvida do chegar o amanhecer.
Sinto tão próximo o longe
aquele que fui e sei não sê-lo jamais
Por hoje?
Me dói por demais.

O céu está silencioso, estrelado
Nele ponho o olhar parado
Que foi feito da minhas ideias?
Algo para sempre mudou
Até o sangue que corre nas veias.
Estenderei uma ponte
Que me leve ao novo dia
Meu sonho será a fonte
Que amparará minha melancolia.
Nesta noite de Outono
na solidão dos astros me abandono.

rosafogo
naralia nuno
imagem do blog imagens para decoupage