sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ROMEIRO



Desfolham os meus dias
em pétalas fugazes
Passo-os à espera de nadas
Talvez surjam da infância as fadas
Capazes...
De acender  à vida estrelas
de luz  enfeitiçada.
Vislumbres brancos, doces do alvor
ou
alvorada!
Urdindo um futuro diferente.
Para que então possa crer
Que a vida? Ainda está
à minha frente.

Nesta viagem sem regresso
A vida rápido foge
E eu romeiro a atravesso.

Minhas órbitas são sulcos sem água
Hoje...deixai-me dormir com minha mágoa.
Deixai-me gritar ao vento
Que o jogo da vida é duro
Deixai-me dormir no escuro,
atrás da memória escondida.
Escondida da própria morte e do tempo
Que o mais certo?
é a despedida.
por perto.

rosafogo
natalia nuno






CAMINHO



Faz-se o caminho ao andar
Faz-se o caminho sem volta
Caminho que não se volta a pisar
Que é ave que ficou solta.
Deixo o rasto para trás!
Caminhando o caminho se faz.

Mas volta sempre a saudade
Com suas pálpebras de seda,
e sua face ressequida
Pra nos trazer a verdade
Da cruz que é esta vida.

Abala-se para jamais voltar
Que deixar?
 E que levar?
Se a luz dos olhos se apaga
Já não há volta que traga.

Deixem-se as portas entreabertas
As da alma e do coração
Podem as horas ser incertas
E à morte pôr travão.
Faz-se o caminho ao andar
Como se fosse procissão.
E o sonho que sonha alguém
É também  Deus quem o traça
A tarde já vai aquém!
E assim a vida passa.

rosafogo
natalia nuno
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

ATÉ AO FINAL CORRI




Tenho a tua mão retida
E dou contigo a olhar-me
Meu coração ama a vida
E não para de amar-te
Ouço o rumor dos teus passos
Nesta tarde soalheira
Anoiteço nos teus braços
Com a saudade desta cegueira.

Alguma coisa ainda está viva
Neste anoitecer amedrontado
A memória dias longuínquos aviva
Longe de nós... são passado!
Mas estou disposta a viver
Nesses olhos que me fitam
Sonhar ainda vou querer
São os sonhos que me ditam.

Que fique cingida a ti
Que não desprenda tua mão.

Até ao final corri
Para alcançar teu coração.

Afasta-se o tempo!
Nosso amar ainda é perfeito
Em cada beijo, em cada estreitar
de mãos
Nosso Mundo de magia é feito.

rosafogo
natalia nuno

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NO OCASO DA VIDA


Ando nas coisas do tempo perdida
Perdida como o jorro duma fonte
Que canta...canta ferida!
No esquecimento do monte.
Numa noite qualquer
com ou sem luar
hei-de gritar
O que não pode morrer!

Abrir de par em par
A alma, erguendo-me com rebeldia
e meu grito há-de ressoar
Melhor do que a palavra faria.

Quando a minha mão cessar?
E não haja mais que esquecimento
E seja um longo calar?
Meu tempo será apenas um momento
E na mão que palavras escrevia
Não creio que haja mais nada
Só resignação fria e sombria.
Ou uma esperança desolada.

Ando nas coisas do tempo perdida
Vão-se as horas os minutos, vagueiam,
pela minha atenção distraida.
Na mente lembranças se passeiam,
no ocaso da vida.

E o olhar permanece atento,
              aberto de par em par
                com a suspeita da morte
que um dia vai chegar.
       A vida foge para um sítio
                onde nos resta esperar.

rosafogo
natalia nuno