sábado, 25 de dezembro de 2010

ESTE SILÊNCIO



ESTE SILÊNCIO

Este silêncio
Esta imensidade
Encadeiam-se os dias
Aninha-se em mim a saudade.
Procuro orientação
Para a fome que me apoquenta
Para a sede que trago no coração
Sede de viver,
Só o sonho que me alimenta.

Revivo na imaginação
A essência dos dias passados
Retomo o fio perdido, a direcção
Dos meus sonhos p'lo tempo devorados.
Esqueço do tempo os estragos
Desponta um raio de luz em mim
Largo os pensamentos amargos
Faço da vida festim.

Volta o sol ao meu reinado
Devora-me sempre a mesma ansiedade!?
Nas horas de solidão, o anseio redobrado
Sinto no peito a loucura, a doidice da saudade.

natalia nuno
rosafogo

PALAVRAS LEVA-AS O VENTO


















PALAVRAS LEVA-AS O VENTO


Ignoro onde me levam meus passos
Devo porventura desculpar a vida?
Como recuperar  se só restam traços?
Em boa verdade, me sinto perdida.
Rompo com a própria vontade
Sozinha com pensamentos a esmo
Deixo-me a rememorar com saudade
Para não me esquecer de mim mesmo.

O tempo amadureceu este sentimento
De prosseguir, de me apressar no caminho
Não vá acontecer meu desaparecimento
Numa noite breve, meu descaminho.
Já nem sei com rigor nada a meu respeito
Só sei que estou numa idade diferente!?
Se é dia ou crepúsculo, a hora a que me deito!?
Se muitos ou poucos os passos em frente.

Face ao desconhecido, a imaginação é que tece
Não é medo não, só mau pressentimento!
Mas a Vida já nem aquece nem arrefece!
«Palavras, palavras leva-as o vento».

rosafogo
natalia nuno

PALAVRAS DITAS














PALAVRAS DITAS

Imperfeito este poema que fala de nós
Revirou os retratos das molduras
Desarrumou nossos sentimentos
Ficou no silêncio a estrebuchar loucuras.
Vive  num vale de lamentos
É como um sonho de quem por amor morre
Grita, grita, deixando-me  à toa sem voz.

Poema que me deixa exausta, que corre,
Corre e não deixa notícias de ti
Poema imperfeito, como a vida que morre
O poema mais triste que algum dia escrevi.
Lembra um coração  explodindo
Lembra uma despedida que é já saudade
Tem a força do vento, é tempestade
Poema que é tudo o que estou sentindo.

Este poema põe meus olhos parados
E é meu sangue a tinta com que o escrevo
Num silêncio maior que o Mundo
Andam meus sonhos desencantados
Falar de Amor já nem me atrevo!
Nem das flores que me trouxeste
Profundo, é o desalento que ao poema devo.
Por ter chamado por ti e não viéste.

Imperfeito é este poema que sei de cor
Nada, nada, sei apenas do teu beijo o sabor.
Tenho medo de esquecer tua voz!?
Ou que este poema se esqueça de nós.

É só mais um poema, a quem empresto,
já quase nada, só  saudade, morreu todo
o resto.

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

REFLEXO





REFLEXO

Olhei o espelho, um rosto vi

Os lábios mordi

O olhar penetrante...

Havia ali alguém!?

A mim semelhante


Semelhança remota, muito aquém.

Reflexo, sem a essência da hortelã

Ignoro entre ambas o laço

Passaram àridos anos de solidão


Ambas nos perdemos no passo.

E EU

Afoita nesta manhã

Arrastada por um desejo de ilusão

Olhei o espelho, uma,

Duas vezes

E assim com ela me cruzei

E apesar das revezes

Eu no sonho me quedei.

E SONHEI


natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SEGREDANDO














SEGREDANDO

Falo baixo que é segredo
Aperta-se o peito, calo a boca
Encurta a distância, cresce o medo
Silência a minha alma o tempo que se apouca.
Esta angústia que me dá?!
E como se a vida complicada fosse
Ao certo não sei se será!?
Mas sinto o tempo precoce.

E eu recuso a evidência
E de sonhos falo devagar
Não vá a morte com insistência
Carregada de desejo  me levar.
Obscura e de mistério cheia!?
Com linguagem que não entendo
Anda para aí volta e meia
A sua arrogância erguendo.

Assim a vida caminha
Ás vezes num silêncio mudo
E a saudade que é tão minha?!
Também ela envolve tudo.
Um pouco do que fui em cada dia
Saudades nem sei de quê
No peito a nostalgia
Que no olhar se lê.


rosafogo
natalia nuno

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O POEMA NÃO SABE

O meu poema não sabe nada de mim
Sabe dos regatos a serpentear
Sabe do tempo que passa... enfim!
É feito do meu entender
Do meu pungente sofrer
Do meu recordar...

É ele o meu anseio
O tempo que passa
O meu receio
A saudade que me abraça.



O meu poema, não sabe o que sinto
Se falo verdade ou minto
Feito da saudade que me persegue
Amacia o tempo pra que me entregue.
O meu poema assim me tráz embalada
Nesta noite de bréu
Desesperada, aguardo a madrugada
As horas caindo, feitiço este meu!?
Poema que a vida
Leva pra longe de mim
Como um paixão esquecida
Mas duma saudade sem fim.

rosafogo
natalia nuno

TARDE QUIETA














TARDE QUIETA

Até o páasaro cessou o canto
Adormece na tarde quieta
No meu coração um silêncio agitado
Um desencanto
Que me aperta!
Meu pensamento perturbado.
Emoções reprimidas
Nos olhos uma ansia agreste
Deste Outono de tardes esquecidas
No restolhar das ideias, nenhuma que preste.

Tenho nas mãos o vento
No coração uma alegria inusitada,
da solidão retirada
Meu corpo, casa abandonada
No meio do desalento,
um triste contentamento,
pouco mais que nada.

Neste ritual diário
Desenboca meu olhar no vazio
Vou magicando a eternidade
O tempo como eu sombrio
E uma nostalgia profunda que me dá saudade.

Amargos anos calcorreando a vida
Encurtam  meus passos
Criança perdida
Sombra encolhida
Restam os traços.
Atravesso a tarde como um milagre
Nesta minha idade cansada!?
Uma chuva miúda me devolve a saudade
Deixo-me melancólica e ensimesmada..
Guardo as emoções no peito
Com a saudade me deito.

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E NADA TEM SENTIDO














E NADA TEM SENTIDO

Caíu o dia  e a noite veio chorosa
Sem estrelas e sem luar
E minha alma ansiosa
Em farrapos, põe-se a gritar.
E nada tem sentido
Nem as folhas secas que caíram
Nem o céu que chora comovido
Nem minhas palavras que não respiram.

Caminhei para o  futuro
P'lo tempo fora, e agora!?
Nesta noite tudo é escuro
A convencer-me que é hora.

Que futuro? Que cilada?
Que rumo?
Não sou nada!
Talvez  sombra talvez fumo!?

O dia trouxe tempestade
A noite chora em solidão
No meu sentir a saudade
Dos caminhos, do meu chão.
Andam meus pés já nus
Caminho descalça de sonhos
Nos olhos já  não trago luz.
E a Vida a impor-me dias tristonhos.

Já a noite se enreda na minha dor
Nas minhas lágrimas choradas
Sei estes meus versos de cor
Palavras,
Na garganta entaladas.

domingo, 19 de dezembro de 2010

ALEGRIA TURVA














ALEGRIA TURVA

Não sei se sou trigo se joio
Nem sei se o que procuro
acontece.
Neste sonho me apoio
Mas e se o sonho fenece?
Eu juro!
Que ele é tudo o que Deus me deu
E no meu tempo que esvoaça
O sonho é tudo o que é meu
E assim a vida passa.

Percorro este caminho a esmo
Sigo neste meu rol de saudade
Perco-me nas horas
Perco-me de mim mesmo
Gasta em desabafos de verdade
E tu esperança?!
Já tão pouco em mim afloras.
Comigo trago a saudade.

O tempo que já foi de cambraia
O tempo que já foi de linho
Um gargalhar de catraia
Onde até hoje me aninho.

Trago o coração cheio
É assim que o sinto
Se o tempo se mete p'lo meio?
O vazio pressinto
Lá se vai o meu sonhar
Não sei se sou trigo ou joio
Já nem sei se sei amar
Mas é no amor que me apoio
E neste delírio permaneço
Até meu coração calar.
Tempo dorido onde feneço.

natalia nuno
rosafogo

NÃO SEI AO CERTO














NÃO SEI AO CERTO

Por onde anda minha inspiração
Que não me traz FELICIDADE?!
Rodopia vagabunda
Deixando em meu coração
A saudade.
Na minha recordação abunda
E na foto que tenho por perto
Imagens da MOCIDADE.
Só a inspiração está ausente
Deixando em meu coração
A ansiedade.
E uma dor tão veemente.

Na moldura do passado
Até já nem sei ao certo
Se há no meu rosto algo errado
Que eu já não consigo ver!?
Mesmo estando por perto
Ou não sei, nem quero saber.

Os tempos estão mudados
Por onde anda a inspiração?
Como eu a queria  renovada!?
Andam sonhos desencontrados
Não quero mais esta visão
Quero-me com a vida apaziguada.
Aquietando no coração
A saudade de tudo e de nada.

rosafogo
natalia nuno

LOUCURA














LOUCURA

Este desejo de amar
Que ninguém sabe, mas eu sei
Num pesadelo perdida
Meus anseios a retalhar
A gritar, a gritar e eu vencida
Por este amor que ansiei
De olhos às trevas atirados
Por te amar, por te amar!

Num pesadelo perdida
Por este amor que desejei
Por te amar, por te amar!
Nos meus trilhos rasgados.
Sinto o coração pulsar.
Meus sonhos envenenados.
Por te amar, por te amar!

Meu corpo ainda arrojado
Que floresce só pra ti
Quer-te eternamente a seu lado
Neste desejo apertado
Nesta ilusão de te ter
Mansamente, quer viver.

No pesadelo aos tombos
E tu por aí!
Rasgo o luar pra te ter.
Continuas no meu caminho
Passeias-te nos meus escombros
Sinto-me longe, tão pertinho.
Pedras me rasgam os passos
Já não sinto pulsar o coração
Sem a força dos abraços
Resta a saudade e a solidão.


rosafogo
natalia nuno