sexta-feira, 26 de novembro de 2010

AOS OLHOS DO POEMA



AOS OLHOS DO POEMA

Ah...se eu fosse pequenina
No cabelo punha um laço!
E neste verso, bem traquina,
Daria à saudade um abraço.
Criança tem infinita graça!
Ora sorri ora chora...
Quer lá saber da desgraça!?
Se tem beijo e carinho na hora.

Tráz o sonho todo inteirinho
De ser grande algum dia!?
Mal sabe que está tão pertinho
Que o tempo passa rápido e angustia.

Ah...se eu fosse pequenina
Tal como as nuvens seria inquieta
Até me imagino ladina
Borrando o céu de azul,
com pincel de poeta.
Nas estrelas um poema de saudade
Com alicerces de esperança
E com ternura e simplicidade
Oferecia ao Sol meu bibe de criança.

Queria andar de pé descalço p'lo chão
Prender-me ao salgueiro, atirar-me à agua
Ah...este meu delírio é como botão
umbilical, que me prende ao passado com mágoa.

Este poema não tem pés nem cabeça
Nem a minha vontade suspeita de nada
Fi-lo em segredo, à poesia fiz promessa!
De ser menina, aos seus olhos dada.
Neste poema deixo a ternura que me sobra
Palavras de formosura deixo estremecidamente
Palavras simples com que ergo minha obra
E abraço cada palavra comovidamente.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

IMPORTANTE É VIVER













IMPORTANTE É VIVER


É tudo um sonho o que escrevo,
Ou palavras sem sentido?
Virá a morte e a medo
Verei meu sonho perdido?
Não sei se é mesmo verdade
Se estou da vida a me afastar
Numa febril ansiedade
de chegar...
Onde?
A nenhum lugar!

Abre-se a noite e desfaleço
Fico entre o Céu e o Inferno
Entre o real e o irreal permaneço
Entre o outono e o inverno.
Há sempre uma lágrima que o rosto molha
E sempre um pensamento incoerente
Sono leve como uma folha
E o passar do tempo p'la gente!

Sinto-me no limite da esperança
O tempo morre e morro eu
Resta em mim aquela lembrança
Dum tempo que em mim não morreu.



rosafogo

natalia nuno

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ENQUANTO VONTADE TIVER

ENQUANTO VONTADE TIVER

Nasci esta noite enquanto a manhã vinha

Despedi-me do ontem, onde já sou fumo

Pesada de tanto passado, vida minha!?

Esperança é nada...nada é meu rumo!



Sempre repetindo a mesma ladainha

Com a saudade do lado esquerdo onde se aninha.



Criança me sinto no palco da Vida.

Trepo às estrelas, páro o meu destino

Esqueço a idade já enegrecida

Sou pássaro farto, cansado, perigrino.



Vivo por aqui!

Morro por ali!



Quando escrevo, sinto-me viva

Inteiramente viva.

Posso escrever o que eu quiser!

Que a minha liberdade é verde

Enquanto vontade tiver

Palavra alguma se perde.

Ela que de alegria e tristeza me criva.



Nasci esta noite enquanto a manhã vinha

Tive medo, que tardasse a madrugada

Que este verso se finasse da angústia minha

E me deixasse de alma quebrada.



rosafogo
natalia nuno

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

COMPANHEIROS DE INFANCIA













COMPANHEIROS DE INFANCIA

Companheiros de Infância
Pobreza, tão comum no nosso passado
Pobres, tínhamos tudo: as ruas e o adro!
Tudo era nosso, o sol, a chuva, o vento
Em demasia a pobreza e o céu estrelado.
Só a brincadeira no pensamento.

Dormimos em colchão de palha
De folhas escamizadas de milho
Brincámos ao pião...à malha!
Descalços, ou com sapatos sem atilho.

Comemos o pão que o Diabo amassou!
Pedimos porta a porta pão por Deus!
Pouca era a roupa, o frio nos assaltou
E bem ligeiros corrias Tu... corria...EU.

Crianças de piolho sempre a aparecer
De ranho no nariz sem importar
Contentes de poder saltar, correr
Na esperança do joelho vir a sarar.
Afectos, também nisso a pobreza?!
Só nos restava a inocência e a destreza
Na rua, uns com os outros brincávamos
E à noitinha, pirilampos apanhávamos.

A pobreza era nossa desconhecida
Na boca, sempre um sorriso, uma cantiga.
Desafiámos o Destino com algum desembaraço
Hoje somos meninos apertados, no mesmo abraço.

natalia nuno
rosafogo

domingo, 21 de novembro de 2010

APENAS LEMBRANÇA!

















APENAS LEMBRANÇA!

Sabia que mais cedo ou mais tarde
Na solidão dos dias futuros
Haveria de soltar suspiros de saudade
Acendendo na memória, pedaços já escuros.
Nas horas de lassidão
Deixo-me esquecida do presente
Relembro imagens distantes
Esqueço do tempo os estragos
Fico ausente!
Na poeira do pensamento,
na leveza dos instantes
Deixo meus fantasmas amargos.

Do meio do nada
Surge a recordação em mim derramada.
Cada lembrança me traz o sorriso à boca
Cada palavra escrita é linguagem de criança
Lançada ao acaso, coisa pouca!
Apenas lembrança!

E as palavras ganham asas, são esperança
E me sinto eternamente viva.
A recordar...
As minhas raízes a que já não me posso agarrar
Mas às quais me sinto cativa.

natalia nuno
rosafogo