sexta-feira, 3 de setembro de 2010

GENTE DA MINHA TERRA















GENTE DA MINHA TERRA


Longos os anos de provações
Assim a vida reduzia tua dignidade
Caladas as bocas, sofrendo os corações
Gente da minha terra, te recordo com saudade.
Sempre de soluço na garganta
E o suor do rosto a escorrer
Sempre o olhar triste na hora da janta
E o assobio nos lábios para esquecer.

O silêncio era sinistro
A jorna pequena em demasia
Na taberna procuravas euforia, apenas isto
Para enfrentar a enxada por mais um dia.
Votaram-te ao esquecimento
Os grandes que podiam tudo
Verteram a raiva em ti e o lamento
Vestiram-te de rancor, deixaram-te mudo.

Rasgaram-te a pele gretada
Nas mãos sentiste o trigo loiro macio
Pouco tiveste, vergaram-te ao peso da enxada
No frio do Inverno e no calor do estio.
E sempre o demónio a cuspir-te veneno
Eras então um rosto por barbear
Rude nem sempre eras sereno
Tão pouco capaz de emoções mostrar,
na hora de amar.

Tua espinha dobrou trazias o corpo caído
Cabisbaixo, ainda e sempre nas vísceras a agonia
O tempo passou já só memórias dum passado ído
Duma vida dura, onde a utopia perdeu a magia.

Foto com meus companheiros nascidos no meu ano na nossa aldeia, num almoço que habitualmente
fazemos de dois em dois anos.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

FESTA NA ALDEIA

FESTA NA ALDEIA

Voltei ao ponto de partida
Solto a palavra precipitada
E é mais um dia de Vida
De alegrias salpicada.
Há fogo de artifício no ar
A jorrar!
Que ninguém pode calar.

Há festa na aldeia
E uma embriaguês que me faz girar
Está de alegria tão cheia
A aldeia...
Que ri o luar!

O luar de Agosto que tudo alumia
Fazendo pirraça!
Ao sol que alumia o dia.
Já no horizonte sem graça.

Solto palavras de ousadia
Porque hoje é dia de festa
E é tão grande a alegria
Que até o sino a voz empresta.

E como tal, começa a festa
Com foguetes e cantares
Passam rapazes e raparigas aos pares
E a minha saudade se manifesta.
E me atormenta
Apesar dos meus protestos inventa
Que há-de ir à festa e voltar
E eu tento sorrir
mas tenho vontade de chorar.

Lembro as festas de outrora,
A rainha da festa, a quermesse
E me dá saudade na hora.
A juventude não se esquece.

rosafogo
natalia nuno