sábado, 20 de abril de 2024

dilema...

 amanheceu e o sol, veio ter comigo,
que fazemos hoje? 
passeamos pelo campo?
ou escrevemos um poema?
- meu coração
que tanto me foge, ficou neste dilema

como se fosse noite de tempestade
- com folhas caindo, 
morrendo de saudade!

infinitamente parada,
na mente trago lembranças de outono
ecos de sonhos ao abandono,
tardios os passos, 
entra então a nostalgia
algo me aprisiona, quase me perco
dum persistente labirinto me cerco
- saio, quando sinto 
o sol a bater-me nas janelas

das palavras que me restam
escrevo um poema com elas!

solto um suspiro enclausurado
e as folhas de tons ferrugem e ouro
caem no remoinho d' águas,
espelham do m' coração as mágoas
que não consegue calar.

amanheceu trouxe o sol, 
e meu amargo despertar!

natalia nuno
imegem pinterest

quarta-feira, 17 de abril de 2024

tal como sou...





hoje é ínfima a queda da chuva
e a solidão serve-me como luva
dão-me asas os pensamentos,
fico a noite inteirinha
a falar comigo,
e à conversa neste abrigo
meu coração bate
sem lamentos.

um simples aguaceiro que cai
passei a noite inteira a olhar-me
e do meu rosto não sai
a ventania a assustar-me

chove agora sem parar
grada a chuva, 
como cabelo branco se amontoa
e de hora em diante
não há dor que não doa

apagam-se as pegadas do caminho
fecho à alma janelas sombrias
o coração apaga-se sozinho
os dedos vêm contando os dias. 

natalia nuno
imagem pinterest

um dia de cada vez...



a vida é como chuva que cai
mais fraca, mais forte
tropeça, e num ai,
com sorte
fica limpo o céu 
o sol segue viagem
esquece-se o escuro de breu

e os sonhos continuam
em cada noite um diferente
tal como as nuvens do céu
pernoitam no pensamento,
da gente!

às vezes vem a solidão 
que paira ao sabor do vento
no coração,
e há folhas caídas abandonadas
pessoas sem vida e outras
amadas...

riso e choro a vida tem,
um vai, outro vem, como
ondas bravas que não cansam de bater
é assim a vida, deixai chover

no azar, ou na sorte
um punhado de versos
faz esquecer a morte!
neste mundo de passagem
versos semeei
e de saudade os olhos orvalhei.

natalia nuno
imagem pinterest

quinta-feira, 11 de abril de 2024

o rito de escrever...



há tristeza no olhar 
quando se despede lentamente a vida
e nessa despedida
a saudade se dispõe a regressar
a criar a ilusão de mais um falso dia
de alegria
depois surgem os silêncios obscuros
e os olhos entornam de ansiedade
pensamentos gastos e quebrados
a saudade e,
de novo momentos duros.

há então o rito de escrever
poemas que vão mais longe que o silêncio
afadigados, mas que não servem para nada
nos lábios, ainda há vida por arder
ainda há a palavra, embora agastada

já a força é escassa
a loucura de recordar fracassa,
aumentam os medos e os anos
são outonos nublados, e bolorenta
a solidão dos desenganos

natalia nuno






 

domingo, 7 de abril de 2024

a palavra...

é como dança de ouro
a palavra doce 
ao ouvido sussurrada,
tem o paladar que embriaga
e é como se fosse de mel
embelezada...

espero sempre que a palavra
me traga
o efémero sonho do dia
que me deixe voar como abelha feliz
estender asas até onde o sol irradia

que a palavra seja 
como o vermelho do poente
a fogueira laboriosa da felicidade
a liberdade transparente
poema que entoe a saudade

despenham-se versos da imaginação
a palavra é semente
que arde, em meu coração.



natalia nuno







segunda-feira, 1 de abril de 2024

escrevo à sorte...



tenta-me o impossível
correr atrás das constelações
quando começo a sonhar,
cruzam-se clarões no pensamento
desfraldam-se as palavras
há música no ar...

vivo então a perfeição das horas
ouço o estrondo do trovão
o som da dança das folhagens
o fervor da alma e do coração
e pelos meus olhos passam mil imagens

bom saber que nunca estou só
apesar da solidão me atingir forte,
mergulho nas palavras, enlaço-me, 
dou um nó e,
no papel nevado escrevo à sorte...

natalia nuno

sábado, 30 de março de 2024

Páscoa Feliz

 Para todos os amigos que visitam este meu BLOG.... Um abraço